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O portal de Oriun - Aldemir Alves

Posted by Aldemir Alves


Olá pessoal,

Demorei mais voltei a postar no meu blog. A novidade é que o meu novo livro, O portal de Oriun, está pronto e deve ser publicado entre Janeiro/Março 2016. O livro narra a trajetoria dos irmão alex e Alexandre, dois garotos que descobrem que não são humanos e partem em uma aventura desconhecida em busca de suas verdadeira origens em um mundo totalmente diferente do nosso. O livro foi baseado nas mitologias nórdica, egípcia e grega.

É isso mesmo, uma mistura de várias mitologias em uma única trama que pode agradar muitos leitores de fantasia. Fiquem ligados que logo o livro estará disponível para compra.





Sinopse:

O fim dos tempos é anunciado, o Ragnarök enfim teve início, o céu escurece e as estrelas sucumbem contra os planetas que são consumidos pela destruição. A fúria dos mares consome a vida na terra e os seres humanos são extintos. O Ragnarök destrói Alfheim que é engolida pelo Érebo, o equilíbrio entre os mundos é abalado. A árvore da vida, Yggdrasil, sucumbe em cinzas.


Mas outros deuses sobreviveram das ruínas da batalha, um novo sol ressurgiu no céu, e Zeus (o deus grego), o pai dos homens, trouxe vida a uma nova terra que se ergueu entre os mares. Arin e Cesar, os dois únicos humanos sobreviventes, que se esconderam sob as raízes de Yggdrasil, a árvore que sustentava os nove mundos, repovoarão o mundo. Agora livre de seus males, finalmente houve um tempo de harmonia entre deuses e homens.


A paz não duraria para sempre, pois se existe o bem também existe a possibilidade do ressurgimento do caos, o bem e o mal são forças fadadas a lutar pelo resto da existência divina. Um novo tirano se ergue entre as trevas, e com ele à sede pelo poder a qualquer preço. Alianças foram abaladas, vidas sacrificadas, batalhas travadas, a supremacia benéfica deixou de existir. A ganância de Zarc se alastrou infinitamente e até mesmo as crianças eram obrigadas a integrar os seus exércitos. A terceira parte de Orion havia sido devastada completamente. Mas após quinze anos de tormenta, a esperança ressurge novamente – renasce junto aos filhos de Egoz.


***


Os filhos de Egoz

1.


No frio inverno do Alasca, nas montanhas da cidade de Akriok, cuja população não excedia 80 famílias em um total de 200 habitantes…

Um homem com aparência desgastada, visivelmente entre a idade de 60 anos, com fortes traços orientais, trajando um longo manto amarelado, movimentava-se lentamente enquanto seguia observando os magníficos iglus esculpidos pela própria neve conservada. O homem montava um enorme urso de kodiak, cinzento, criatura poderosa, carnívora e amedrontadora, mas para Joaquim era um animal de estimação. Montaria doce e mansa, um bom companheiro.

Ao longe em meio aos respingos de neve que caíam suavemente sob o vilarejo desértico, Joaquim observa um homem parado diante da sua moradia. Sem muita pressa se aproxima, logo em seguida inicia um diálogo com o morador local.

— Saudações! Sou Joaquim Yang, descendente do clã sexto, da ordem dos magos de Gyong-ju. Procuro por uma família de sobrenome “Silva” Gisele Silva e Rafael Mello Silva, velhos amigos de longa data. — Ainda frente ao homem que se mantém calado, Joaquim pausa a conversa por alguns segundos, enquanto expele um sopro quente, bafejando as suas luvas sujas pelas rédeas que prendiam o seu animal.

— Ah sim, a família Silva. O casal de brasileiros… Caminhe por mais oito iglus nessa direção, a nona moradia é habitado pela família Silva. — Responde o homem com um sorriso estampado no rosto, aparentemente uma pessoa amistosa.

Joaquim inclina o seu corpo e puxa com força à rédea, o animal se contorce ficando ereto, antes de partir ele agradece — qual é a sua graça, meu bom homem?

— Lazaro meu senhor, eu me chamo Lazaro.

— Muito obrigado pela informação, Lazaro. Tenha um bom dia! — O grande animal cavalga pelos oito iglus, até que estaciona frente a nona moradia. Joaquim salta do animal, faz carinho na fera, retira uma garrafa com um líquido amarelado em seu interior. Vagarosamente leva-o aos lábios, toma um gole demorado, em seguida sussurra “Salve Barbárie” respinga três gotas ao chão “Pro santo”, em seguida deixa o grande urso de nome “Pow” para trás. Até que se vê frente a porta congelada.

— Rafael! Ôôôô Rafael…

— Quem é?! Gisele veja quem está gritando na porta.

— Olá?! Quem está aí — Gisele se aproxima e ao abrir a porta se depara com Joaquim — Oi, eu posso ajudá-lo, meu senhor?

O velho forçou um sorriso exibindo os dentes amarelados por causa dos tantos fumos que consumia diariamente.

— Gisele? Não se lembra de mim, sou eu, o Joaquim!

— Joaquim… Não o reconheci, está bem mais velho.

Haviam se passado treze anos desde o último encontro entre a família Silva e Yang, muita coisa mudou, principalmente a fisionomia do velho amigo Joaquim, que agora expelia uma enorme barba branca. Tão longa que alcançava a enorme barriga, coberta pela vestimenta de pele de carneiro.

Rafael escutou uma voz familiar então caminhou em passos largos até a porta, próximo ao amigo se jogou em seus braços, abraçando-o como se fossem parentes distantes separados por longas datas.

— Velho amigo, seja bem-vindo. O que o traz aqui tão cedo?

— Posso entrar antes de contar-lhe as novidades? — Perguntou Joaquim, com um sorriso sob a face pálida, castigada pela ventania do Alasca.

— Claro! Por favor, entre… — Respondeu-lhe Rafael e ficou sério. Observou a face pálida de sua esposa e ficou preocupado, afinal Joaquim veio antes do previsto.

O velho adentrou o local, estremeceu o corpo em protesto contra o frio tortuoso de Akriok, e exibindo uma careta muito engraçada iniciou um diálogo — serei breve, meus amigos… nesse momento sugeriria para que se sentassem, e se possível me sirvam uma bebida quente. — Joaquim sorriu, era um homem espaçoso, mas suas próximas palavras poderia não agradar o casal. Ser hilário naquele momento era válido.

Gisele caminhou até a lareira, onde no canto esquerdo havia várias latas de alimento vazias, mais há cima na tábua de madeira verde, que simulava um armário de cozinha, estocava café, leite em pó, açúcar, arroz e feijão. Havia também alguns animais cervos conservados próximo à pequena mesinha improvisada com a cômoda envelhecida (um dos poucos pertences trazidos do Brasil). Um friozinho agradável soprava sob a testa de Gisele, que cantava uma bela canção para descontrair deixando que sua voz pairasse rumo à floresta congelada.

— Pronto o café está delicioso! Sirva-se Joaquim — respondeu Gisele, sendo atenciosa com ele.

Os fiapos de barba branquejados de Joaquim se movimentaram lentamente. O velho levou sua mão até a caneca, despejou o café preto de cheiro forte. Logo se deliciou vagarosamente, “ah, como é delicioso o café brasileiro”.

Gisele e Rafael se mostravam tensos enquanto aguardavam o velho degustar mais um gole de café. Quando ele finalmente terminou, disse-lhes — agora é sério, eu trago notícias pouco amistosas — bateu à xícara de café na mesa. Gisele deu um pulo da cadeira, levou a mão direita ao queixo e fez cara de preocupada. Joaquim fixou o olhar em direção a ela, voltou dizer — Já, já, eu conto. Deixe-me tomar mais uma xícara de café.

Velho ranzinza “pensou Gisele”, mas continuou aguardando as palavras do homem.

Joaquim juntou os lábios três vezes exibindo um bico engraçado, soprou e se deliciou novamente. Após consumir todo o líquido se pronunciou.

— Gisele, Rafael! Não estou notando a presença dos garotos, onde estão?

Gisele arregalou os olhos, esse era o seu temor, Joaquim procurava por Alex e Alexandre, seus filhos. Amados meninos.

— Os meninos não estão em casa foram buscar madeiras na floresta, à noite costuma ser muito fria por aqui, a fogueira deve ser alimentada de uma em uma hora… — Justificou Gisele, enquanto mordia o canto da boca, “mania de quem estava preocupada”.

Rafael entrou na conversa.

— Mas Joaquim, ainda não é chegado o momento de buscar os meninos, ainda não completaram os dezoito anos. Alex está com quinze, Alexandre com dezessete. Pensei que sua visita seria para outro propósito. — Murmura Rafael com olhos firmes.

Joaquim respondeu rapidamente.

— As coisas mudaram, caros amigos… A terra de Oriun sofre grandes perdas, Zarc ameaça invadir o mundo dos humanos, nossos soldados não suprem mais os nossos exércitos, fomos obrigados a mudar nossos planos. Precisaremos treinar os garotos, eles deverão ser entregues antes de completar a maioridade, se não o fizer nosso mundo correrá grande perigo. — Joaquim disse essas palavras com olhos firmes e rígidos. O café esfriava na mesa.

Gisele esbofeteou a mesa, lançando a xícara ao chão.

— NÃO, não e não!!! Foi designado para que nós cuidássemos deles até os dezoito, não pode levar os meus meninos. — Gisele se levanta em prantos, Rafael acolhe a esposa entre os braços.

Joaquim se apoderou de um pano de prato, limpou os respingos de café em seu rosto, em seguida se pronunciou — Infelizmente as coisas mudarão. Eu não gosto da ideia de usar crianças como soldados, mas não temos outra escolha. Saibam que não são somente os filhos de Egoz que deverão lutar nessa batalha, todos os garotos de Oriun serão obrigados a lutar — o mago pausou a conversa, em seguida voltou a dialogar — Antes que os garotos fossem entregues a vocês foi anunciado que não seriam crianças normais, não são humanos, também não são seus filhos de sangue. Não quero que eles saibam que podem perder pela segunda vez suas famílias, então as coisas devem acontecer normalmente. Ah, e vocês deverão vir comigo também.

Rafael prestou atenção nas últimas palavras do homem.

— Sério? Obrigado Joaquim! – Responde, enquanto consola Gisele.


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