Os orcs marcharam quilômetros até se aproximarem das tropas de Fastouros. O general, por seu turno, mandou um de seus soldados falar com o príncipe do mal:
— Boa tarde! Marchei até aqui por algumas horas com uma mensagem para Vamcast, a mando do meu general Fastouros.
A criatura, armado com uma lança, aproximou-se do soldado dizendo:
— Gr! Quem é você? Não o deixaremos entrar em nosso acampamento, volte de onde veio ou então morrerá.
O soldado, baixando a cabeça em sinal de respeito, proferiu-lhe algumas palavras:
— Não vim lutar nem mesmo espiar nada, apenas trago uma mensagem de paz do meu general para Vamcast...
Vendo que o soldado estava amedrontado, o orc começou a se exaltar, gritando em voz alta:
— Não existe paz entre orcs e eracictos, diga isto ao seu general!
Vamcast, ao escutar, aproximou-se, então gritou com o homem em voz estrondosa:
— Volte de onde veio e diga para o seu general que hoje mesmo, antes que o sol se ponha, arrancarei a cabeça dele e a darei para as aves dos céus!
O cavaleiro, assustado, correu em direção ao seu exército e, em direção a Fastouros, já sem fôlego disse a ele o ocorrido:
— Meu senhor, estive com Vamcast. Ele me disse que não aceitará a sua proposta de paz, ameaçou dizendo que o mataria antes de o sol se pôr.
Mudando a expressão do seu rosto, o general aceitou as palavras do soldado e, mostrando-se confiante, disse:
— Está tudo bem. Alegrem-se, homens, pois a nossa parte já fizemos, a minha lâmina jamais temerá a afronta do mal. Se essa for a última palavra do príncipe, que assim seja, levarei o rapaz para o meu rei mesmo que sem as suas pernas.
O cavaleiro, mesmo concordando, alertou o seu general da chegada dos exércitos:
— Que assim seja, meu senhor. Os guerreiros de Vamcast estão a apenas duas horas de nós e planejam nos atacar antes do cair da noite.
O general balançou a cabeça, em sinal de positivo, e retirando a sua espada a ergueu, em voz alta dizendo para todos os seus soldados:
— A minha vida foi dedicada para servir ao meu rei e ajudar os mais fracos e, se eu morrer aqui hoje, então morrerei com honra!
Antes do cair da noite, o príncipe do mal marchou até lá e se posicionou em formação de ataque. Eram três mil orcs e quinhentos anões, armados e sedentos por sangue.
Após observar de longe o inimigo, o príncipe veio mais à frente, sobre um tigre que tinha asas que lembrava as de um morcego. Os orcs, famintos, rosnavam de fome e vontade de matar.
As criaturas eram como canibais, que só se alimentavam de outros seres vivos. Os anões já montavam os monstros gigantes conhecidos como mengros, e os animais amedrontavam os soldados de Fastouros.
O príncipe, por sua vez, estava horrível, os seus cabelos agora eram negros, os seus olhos fundos e enrugados, e a sua aparência, horripilante. Nada parecido com aquele rapaz belo que fora um dia.
Vamcast também estava sedento de sangue, então se aproximou em meio ao campo de guerra, e gritou com desprezo e zombaria, enquanto encarava de longe o general:
— Fastouros!... Há, há, há... Olha só o corajoso general, que venceu tantas batalhas para seu rei! O rei que não poderá fazer o mesmo por ele, nem seu corpo poderá enterrar. Posso lhe dar uma chance de morrer sem ver o massacre que acontecerá com seus honrados soldados! Venha até mim e enfrente-me...
Enfim o general percebeu que os seus mil homens não seriam páreo para três mil orcs assassinos e sem medo da morte. Ao contrário dos homens de Fastouros, os quais tinham família em suas casas. Mas também lutariam por sua honra e, principalmente, por seu general.
Selando o seu cavalo branco, o general caminhou até Vamcast, tentando argumento com o ser maligno:
— Meu senhor, eu o vi nascer e crescer como um menino esforçado e dedicado a seus pais. O amor que vejo em sua família por você jamais vi igual na minha vida. Hoje eu vim diante de você não para matá-lo, mas sim para levá-lo a seu pai.
Esnobando o seu adversário, o príncipe maligno disse, ameaçadoramente:
— Não conheço você como um aliado e não tenho respeito pela sua vida; desconheço quem você diz ser meu pai. O amor que você diz não me interessa mais, só sinto desprezo por todos! Quero que me mostre a sua força, porque esta será a sua última batalha no mundo dos vivos!
Com o seu escudo em punho e tentando acompanhar o movimento do inimigo, o general respondeu:
— Vamcast, prometi ao seu pai que o levaria para casa, por bem ou por mal você irá comigo. Se eu falho em minha missão, então realmente prefiro não voltar com vida.
O príncipe continuou a rodeá-lo, observando o seu modo de defesa, e rapidamente desferiu um golpe poderoso, mas que foi contido por Fastouros, que, girando o corpo, contra-atacou, também com a defesa de Vamcast. As espadas se batiam com uma força tremenda, o que gerava até faíscas de aço incandescente.
Fastouros mostrava uma habilidade incrível com a espada, e o príncipe movimentava-se rapidamente, em postura de superioridade diante do general. Vamcast, ao desviar-se, contra-atacou novamente sobre o general, desequilibrando-se na sua defesa, mas em seguida chutando-lhe as costas, jogando-o ao chão empoeirado e esburacado.
Fastouros sai rolando com o corpo em sentido horário e, ao levantar-se assustado, olhou fixamente para Vamcast; o seu coração estava em disparada, a sua aura estava quente, e a angústia em seu coração crescia o desejo pelo arrependimento do seu adversário.
Vendo que a luta estava fácil, o príncipe disse ao adversário:
— Essas são as habilidades do grande general? Há, há, há... Até agora brinquei com você, mas não é do meu feitio manter minha vítima viva por muito tempo, prepare-se para a sua morte!...
O general fez novamente posição de defesa, e Vamcast desferiu sobre o seu escudo um golpe extremamente poderoso que o fez se partir em dois. O general, mais assustado, tentou defender-se com a sua espada, que com um segundo golpe também se partiu ao meio. Agora, Fastouros, desarmado e sem escudo, começou a andar para trás.
Seu coração palpitava a uma velocidade notável aos ouvidos de todos que ali estavam. Um filme preto e branco se passava nos olhos do valoroso general de tantas batalhas vitoriosas, e agora a sua única certeza era a morte e, logo em seguida, a de todos os seus soldados.
O general, desarmado e sem defesa, tornara-se alvo fácil; Vamcast, rapidamente, com um salto enorme jogou o seu corpo à frente e com muita força atravessou o peito do homem. Logo após puxou com força a sua espada para fora, fazendo o sangue do adversário espirrar com força, manchando todo o local. Praticamente já sem vida, Fastouros foi caindo devagar, ajoelhou-se e vagarosamente olhou para o céu; o homem parecia apreciar pela última vez a beleza de Esteros.
— Peça piedade pela sua vida, que sabe a concederei... — Afrontou-lhe Vamcast, em tom de zombarias.
Fastouros voltou a encará-lo, sorrindo preferiu-lhe suas ultimas palavras:
— Não é índole de um nobre pedir misericórdia por sua vida, nem mesmo diante da morte, mas peço-lhe que desista de seus planos malignos e volte a seu pai.
— Este mesmo destino, será aplicado a quem você diz ser o meu pai!
O elfo, por sua vez, desferiu o golpe de misericórdia que lhe arrancou a cabeça. Esse foi o fim do nobre general. Os soldados ficaram paralisados, não acreditando no que viam ali, enquanto os orcs, se enchendo de coragem, partiam matando um a um dos soldados do rei. Um anão estava tão cheio de coragem que, arrancando a cabeça do inimigo, montado em um mengro a exibiu como um troféu. Enfim, todos os soldados do rei foram mortos ali, restando apenas aquele que levara a mensagem de paz para Vamcast.
O elfo maligno, vendo um único homem com vida, aproximou-se, pegou-o pelo pescoço com muita força e, colocando-o numa árvore, disse-lhe a seguinte palavra:
— A sua sorte é tremenda, homem, irei deixar-te viver. Mas quero que leve uma mensagem minha a seu rei e lhe diga que estou chegando para matá-lo. Os orcs matarão todos os seus criados, os seus filhos e as suas esposas. Também todos os moradores daquele lugar. Vá e não olhe pra trás.
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de: Os livros de Esteros, As crônicas de Fedors - livro 1.
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