Uma batalha épica:
Já
na parte da tarde, os pássaros tomavam os céus, e os grilos ensaiavam os seus
primeiros acordes. A floresta tomava forma cinzenta e havia pernilongos zunindo
nos ouvidos dos meninos. Naquele momento monótono, Mondaros adentrou o
dormitório e chamou todos os garotos para fora. Panderios contaria histórias
antes que dormissem.
Sem
perder tempo, os meninos se juntaram ao lado de fora e Panderios os recebeu em
mimos, — vamos! Acham que os deixaria dormir sem antes contar-lhes as velhas
memórias de um velho mago? — Panderios vestia-se com vestes de dormir, uma
calça larga de lã e uma longa blusa com mangas. Na cabeça havia abandonado o
chapéu de ponta e estava com uma touca que escondia-lhe as orelhas, mas o seu
enorme cachimbo estava sobre o acento, bem próximo a fogueira, que ainda
não estava acessa.
—Sentem-se,
vamos! Vamos! — Disse Panderios, enquanto sentou-se e tragou um pouco de fumaça.
Havia
trinta garotos sobre os troncos que simulavam bancos, e Mondaros e os outros
empregados também estavam ali. No centro haviam troncos e gravetos preparados
para uma grande fogueira.
—
Estão todos aqui? Preparados para boas histórias? Todos eles gritaram que sim,
era um couro de vozes. E o velho mago sentou-se na ponta e era agora o centro
das atenções — então vamos acender logo essa fogueira! —
Panderios foi agraciado por Mondaros que lhe entregou seu cajado e depois
voltou a se sentar. O velho ficou em pé novamente e deixou o cachimbo sobe o
acento, e levou seu cajado próximo aos pés, tocando-o ao solo, encenou uma
magia: ”etre,kek”! —Uma bola vermelha de fogo surgiu e era do
tamanho de um ovo de avestruz, Panderios se sentou e tomou novamente o
cachimbo, agora sorria discretamente...
A
pequena bolinha de energia mudou de cor e agora estava ainda mais vermelha,
ficara “incandescente” e começou a se
debater parecia que chocaria a qualquer momento —observem— Disse Panderios, e
todos estavam de pé e não desgrudam os olhos do ocorrido.
E
do fogo, nasceu uma pequena ave, e ela cresceu rapidamente e se tornou uma fênix. Todos os meninos ficaram maravilhados
com o pássaro de fogo. Panderios sorriu e disse “vá!” E a ave subiu aos céus e
voou maravilhosamente, deu um giro por cima de todos os presentes no local e
finalizou de ponta em meios aos trocos, dando início as chamas que se tornou
uma enorme fogueira.
Clap, clap, clap, todos
aplaudiram...
—
Obrigado, — Disse ele.
—
O que vai contar hoje mestre? — Perguntou Mondaros.
—
Vou contar uma velha história sobre Mancarus Destrus e sua batalha contra o
temível Orc Nalefis!
E
os garotos aguardavam aquela história e sequer piscavam os olhos. Panderios
tragou mais uma vez seu cachimbo e agora profundamente. Soprou uma fumaça
cinzenta aos ares e estava em grande quantidade. Em seguida desenhou sobre a
fumaça um temível guerreiro tão poderoso como um titã e logo começo a narrar a
sua fábula:
... O seu nome era Nalefis, e ele era poderoso e temido em toda Naires. Era um Orc,
de pele verde e olhos enormes. Tão poderoso que mataria um homem apenas com
suas mãos... Naquele dia o gigante destruía todos os acampamentos ao norte, e
queimava as moradias, as crianças perdiam seus pais e muitos eram escravizados.
O nome do vilão já era conhecido em boa parte de Esteros, mas aquela criatura
até podia ter causado muito sofrimento a inocentes e destruído grandes
guerreiros, mas alguém como Mancarus ele não havia provado. Não igual ao Rei do
Norte, ele jamais imaginava que existisse um homem com aquelas habilidades.
As
suas histórias e triunfos em guerras amedrontariam qualquer inimigo invasor, e
O Rei marchou rumo aos acampamentos, pois recebia a notícia de que o vilão
tomava suas terras.
Quando
chegou aos acampamentos, o inimigo ainda estava espalhando o seu terror, e o
rei surgiu como um salvador e galopava junto aos seus fiéis seguidores. Os orcs
sentiram que alguém se aproximava e correram para avisar ao seu general, e
Nalefis se armou na mão direita com sua espada gigantesca e de longa espessura,
e era da cor negra, na esquerda o maior escudo que se podia carregar.
Ao
longe já se podia ouvir o tinir do metal e uma batalha já acontecia, mas não
parecia causar medo em Nalefis.
Mancarus
surgia ao longe e deixava um rastro de corpo em seu caminho, os orcs de Nalefis
sequer viam de onde surgia o ataque, pois aquele Rei parecia um “Deus da
guerra”...
Panderios pausou a conversa e
tragou novamente seu fumo, desta vez demorou.
Os meninos ficaram todos de pé.
O
velho libertou a fumaça novamente e disse-lhes — Ora, sentem-se, deixe-me
continuar... —, e Pandeiros desenhou dois guerreiros, um com a figura de
Nalefis e outro de Mancarus Destrus.
...
E aqueles homens se olharam de frente, se estudaram e começaram a caminhar em
círculos. Mancarus vestia uma armadura branca e um capacete fechado, deixando
nu apenas a ponta do queixo e nariz, sua espada brilhava a ser exposta ao sol e
era confeccionada por um aço de visível qualidade.
Eles
não se falaram, não se temiam, e o orc parecia um gigante próximo ao Rei. Porém,
a coragem e determinação daquele homem; o tornara grande de igual capacidade.
Com um grito que estremeceu o campo de guerra, marchou em direção a Nalefis. E,
todos os demais guerreiros esqueceram-se e pararam de lutar, se puseram a
acompanhar aquele confronto épico. O rei partia furioso para o ataque e o
grande Nalefis, continha a sua fúria com seu enorme escudo. E cada espadada
desferida por Mancarus, gerava impactos poderosos
sobre o braço esquerdo do inimigo.
Nalefis
estava encurralado e perdendo o prestigio diante seus guerreiros, os olhos
deles entregavam a surpresa em vê-lo tão acuado. Então, Nalefis surtou, e jogou o
corpo de Marcarus a dois metros apenas com a força de seus braços. Mancarus
voou e caiu de joelhos, rapidamente se levantou e estava preparado para mais
uma rodada.
Quando
o rei partira novamente para o ataque, Nalefis lançou com toda a sua força o
grande escudo para poder feri-lo, porém, Mancarus se desviou e enquanto estava
curvando seu corpo, pode ver a morte que o escudo trouxe a um de
seu soldado, que ficara em meio ao alvo e teve a cabeça decepada pelo escudo do
inimigo.
Nalefis
veio de encontro ao rei e novamente o tinir de suas espadas tomava todo o campo
de guerra, e estavam sedentos pela glória daquela épica batalha.
Enquanto Nalefis suspirava pela boca, o rei
ainda era um leão indomável. O orc já cambaleava para trás e escorregara duas
vezes, quase indo ao chão. Mancarus subiu aos ares e lançou sua
espada sobre o punho do inimigo, ferindo-o e fazendo com que o sabre do vilão
caísse aos seus pés.
E
naquele momento, alguns orcs olhavam seu general com olhos de agonia e descrença e
começavam a se afastarem, pareciam temer o pior. Mancarus sabia que o inimigo
estava desarmado e mesmo assim; fez o improvável, chutou a lâmina próxima a ele e
deu-lhe mais uma chance de glória, e isso fez com que o vilão urrasse de fúria
e sequer sentiu a dor de sua ferida e lançou-se ao solo, apalpando novamente a
espada.
O
vilão atracou-se contra o rei e cortou-lhe uma ferida profunda no ombro
esquerdo. Mancarus sentiu a dor, mas a ignorou e continuou a lutar apenas com
uma de suas mãos. Girando o seu corpo ao sentido contrário, o rei feriu a perna
esquerda do vilão e rapidamente suas costas, rodopiou e ficou frente a ele
novamente. Mancarus agora soprava também pela boca e voltaram a se encarar a
uma distância de dois metros. Estavam ofegantes e o sangue manchava todo o
local.
Os
dois sabiam que haviam encontrado um no outro um oponente valoroso, e aquela
vitória seria lembrada pelos séculos. Alguém cairia naquele dia e agora era
questão de minutos para que seus corpos ficassem desnutridos, isso pela
quantidade de sangue que respingava ao solo esburacado.
Finalmente,
seus corpos se debateram e a batalha se deu início novamente. Foram, um, dois,
três, e, no quarto bater de espadas:
Nalefis perdeu o seu braço esquerdo, foi decepado majestosamente por
Mancarus. que elevou seu corpo forçadamente à frente e manteve-se ainda na
posição de ataque.Contemplando apenas o vilão urrar de dor e cair de joelhos
com sua espada cravada ao solo.
Nalefis
se levanta novamente e ao tentar reação, recebe um segundo golpe no abdômen e
um terceiro nas costas. Agora estava acabado, ensanguentado, e sem sua espada.
Todos
aplaudiam e os inimigos começavam a bater em retirada. Por outro lado, os
soldados de Mancarus aguardavam o final, até que o rei cravou seu aço no
coração do inimigo e venceu a maior batalha de todos os tempos... libertando
Naires das mãos do temível: “Nalefis”.
Panderios
finalizou a história cravando o bico do cachimbo sobre o desenho de Nalefis, simbolizando
a sua morte, e novamente criou euforia aos seus alunos.
—
Uma grande história professor! — Inquiriu Mondaros e sorriu.
Espere
até eu contar a próxima... — Disse o velho.
continua...
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