Olá pessoal,
hoje quero mostrar a vocês mais algumas melhorias que estou aplicando em meio a narrativa do livro de Esteros. Estou nos últimos detalhes para enviá-lo a revisora, o livro ganhou tamanho, detalhes, e mais batalhas. O meu foco sempre foi em cima do personagem Vamcast, mesmo que ele não seja o "personagem principal" quero criar um vilão convincente e que ganhe a atenção dos leitores. Sou fã de vilões, sempre fui, rs, então o meu tem que ser convincente. Para essa nova edição eu procurei ler todas as resenhas onde os leitores apontaram pontos fracos no livro, não vou aceitar todas, pois algumas são exageradas e eu não concordo, mas em sua maioria são proveitosas e serviram para me ajudar. Esteros foi um livro muito bem vendido, alcancei tranquilamente a marca de 500 exemplares impressos vendidos, com os digitais acredito que passei de 300 downloads na Amazon, incluindo os gratuitos. Por ser bem vendido e pelas resenhas positivas estou convencido que é um ótimo trabalho, e que agora será muito melhor...
A segunda pedra espiritual
O vilão reunia todas as armas necessárias em seu reinado
do mal. Em um desses dias de triunfo, Vamcast invadiu uma cidade dominada por
discípulos do bem, os quais guardavam ali uma criatura. Um monstro gigante que
poderia ser invocado em batalhas, assim como os três guardiões que conquistara
no passado.
O elfo organizou um exército de cem orcs e marchou até a
floresta surround, pois ouvira uma lenda de que ali guardavam uma criatura
poderosa e comedora de homens, o animal poderia ser manipulado a mando de único
homem e mataria por ele. Os boatos élficos eram conhecidos entre orcs e velhos
anciões, e o vilão não deixaria de conferir a sua veracidade.
Entre os desfiladeiros do sul e o mar negro, eles
marcharam... A floresta élfica não possuía fama por hostilidade ou ataques
surpresa, era um lugar calmo, habitado por elfos e seres místicos da floresta.
— Deixem os cavalos... Daqui para frente iremos a pé! —
Disse Destructor se referindo a pequena estrada próxima ao desfiladeiro.
— Armas e escudos em punho, andem em fila reta... Estejam
preparados! — Vamcast caminhou a frente, munia-se de sua lâmina negra e de uma
armadura tecida por cota de malha fina, que percorria-lhe todo o corpo e havia
chapas de aço no peito, costas, panturrilhas, braços e ombros. Os cabelos soltos
e sendo manipulados pela ventania, seus olhos firmes e feição robusta, era um
verdadeiro líder, um general destemido e focado.
O desfiladeiro possuía dois metros de largura e quarenta
de altura, as pedras desgarradas rolavam lentamente de ladeira abaixo. O
caminho era formado por rochas pontiagudas e uma terra vermelha, encoberta por
cascalho fino e barro endurecido, a queda era mortal caso um homem despencasse
ali, havia centenas de lascas de rochas, uma correnteza chocava-se contra o
paredão de beira mar, ondas e redemoinhos se formavam na água, uma névoa fina
chamuscava o lugar.
Cem orcs seguiram os
passos do rei do terror, uma fila imensa de criaturas monstruosas partia em
direção a floresta, o destino era uma câmara secreta protegida por druidas e
feiticeiros, não se sabe ao certo quantos homens guardavam-na, nem quais os
perigos a serem encontrados, entretanto, a recompensa valeria todo esforço. A
aquisição de mais uma pedra espiritual era o suficiente para atrair as hordas
de Vamcast.
Quando pisaram a floresta ouviram-se gritos e sussurros.
As folhas das árvores cintilavam, e esquilos fujões corriam pelos trocos e se
alarmavam, pareciam denunciar um perigo eminente que se aproximava. O frio deixava
o capim cinzento e endurecido. Barulhos remotos pareciam soar por perto, não há
rastros, não existe desbravamento, entretanto, existe eminência de vida e
presenças misteriosas.
Vamcast empunhou a lâmina, mas não usou para matar,
cortava troncos e galhos, abria passagem e um caminho que comportasse suas
tropas. Diante dos desbravadores só se via as hastes das árvores e formatos
incontáveis: direitos ou tortos, sinuosos, acaçapados, espessos ou finos,
escorregadiços ou ásperos. Muitos ramos, sendo que todos eram verdes, ou cheios
de musgo, ou lodo.
Os orcs abriam passagem por entre as árvores desviando os
perigos sinuosos e embaraçados espalhados pelo solo. Não existia vegetação
rasa. O chão delineava uma elevação e conforme prosseguiam, tinham a impressão
que as árvores iam ficando mais elevadas, mais obscuras e a floresta mais
sombria. Em meio a floresta não escutaram mais barulho ou ruídos, um silêncio
de aflição e agonia os rodeavam, exceto por um aleatório pingar de umidade,
pendendo das folhas imóveis. Ao caminharem a impressão foi ficando cada vez
mais intensa, até que sem se darem conta, estavam olhando depressa para o alto,
ou para trás por sobre os ombros, como se pressentissem um golpe de espada inesperado.
— Estamos perdidos! — Murmurou Destructor, olhando aos
céus, onde não se via sol nem nuvens, era escuro e encoberto por galhos e
respingos de pequenas folhas, como uma chuva, como se estivessem vivas, como
que se as árvores os expulsassem dali.
— Estão se movendo? — Murmurou um orc.
— O quê? — Indagou o outro, medroso e assombrado.
— São os espíritos da floresta! — Falou um terceiro, com
olhos arregalados.
— Besteira! — Gritou Vamcast — Não a nada, aqui! — em um
golpe certeiro furou o tronco da árvore e torceu a espada, machucando-a,
escorreu um líquido fino e esverdeado.
— Ela sangrou? — Inquiriu Destructor.
— É apenas uma seiva, um grude. — Falou o elfo.
Num instante, um cipó grosso surgiu rastejando pelo solo e
enrolou-se nas pernas de Vamcast, o arrastou bruscamente pelo solo e
chacoalhava o seu corpo contra os troncos.
— Minha mãe de Deus! Estão vivas!!! — Gritou um orc,
assombrado.
— Salvem suas vidas! — gritou o outro e começaram a fugir
em direções aleatórias.
— Voltem seus covardes, ajudem o mestre! — Gritou
Destructor. Logo após raízes prenderam seus braços e pernas, separadamente,
começaram a puxar seus membros em todas as direções, pareciam querer quebrá-lo
ao meio.
Vamcast sendo arrastado apalpou firme o punho da espada,
em golpe cortou o cipó que prendia seus pés, golpeou outros dois que tentaram
prendê-lo. Após se livrar, correu e saltou em direção a Destructor, com três
golpes libertou o homem.
— Fuja mestre! — Gritou o eracicto e tentaram correr.
— Espere! — Disse um orc de aparência idosa que não fugiu,
era um druida — Só as árvores velhas têm vida, só atacam em distâncias de três
metros, afastem-se delas, não podem atacar nem elfos e orcs, entretanto,
matariam o eracicto — apontou para Destructor.
— Fui atacado! — Afirmou Vamcast
— Não, você Foi retirado do campo de batalha, essa é uma
floresta élfica, as árvores não matariam um elfo, apenas retiram-no do campo de
guerra. O alvo era o eracicto!
Destructor ficou confuso e irritado:
— Porque não matariam um orc?
— Orcs tem descendências élficas! — Pausou a conversa —
Uma velha lenda, duvidosa, mas verdadeira! — falou o velho orc.
— Voltem seus covardes! — completou chamando atenção dos
fujões.
— O que faremos mestre? — Indagou o eracicto.
— Eu não sei! — Vamcast estava confuso, perdido e
irritado. Tinha um velho mapa na cintura, mas eram línguas estranhas e
irreconhecíveis.
— Dê-me o mapa — disse o velho orc — Você, caminhe no
centro, o protegeremos — falou se referindo a Destructor.
O velho druida leu o mapa, vagarosamente:
— Caminharemos em
direção ao norte, o sol aparecerá nas copas das árvores, seremos guiados pela
luz...
— Ouviram o homem? Marchem!!! — Ordenou Vamcast.
Enquanto caminhavam, a floresta ia se tornando mais clara
e os raios solares surgiam entre as árvores, inesperadamente, deparam-se com
uma clareira, e se viram numa vasta área circular com apenas alguns mistos de
árvores finas e bambus. Avistava-se o céu, claro e azul, o que os maravilhou,
pois sob a cobertura da floresta não conseguiram ver o dia amanhecer, nem as
brumas desmancharem-se. Na margem da clareira, todas as folhas eram mais
espessas e verdes, bloqueando o local como uma muralha resistente. Não havia
árvores ali, apenas um matagal cerrado, e muitas plantas altas e coloridas. De
fato, aquele era um ambiente melancólico, mas que comparado à espessa floresta
tinha a aparência de um jardim formoso e fascinante aos olhos dos desbravadores.
Com isso eles estavam animados e cheios de expectativa. Do
outro lado da clareira, existia uma lacuna na muralha de árvores, e além dela
um caminho bem desenhado. Via-se que a passagem penetrava na floresta e que em
algumas partes era aberta e clara, ainda que uma vez e outra, as árvores
chegassem a envolver a trilha com a sombra de seus ramos sombrios. Prosseguiram
por ali, subindo ligeiramente, mas muito mais aliviados, tinham a impressão que
a floresta estava mais amena, e que finalmente iriam atravessá-la sem grandes
contratempos.
— Espere mestre! — Disse Destructor e parou seu corpo,
ficando ereto — Olhe, é o templo!
Vamcast caminhou lentamente e o vento soprou sobre seus
longos cabelos chamuscados pelo sol e a poeira das batalhas, que degredaram o
seu visual. Enfim, contemplou o alvo, mas era estranho, o lugar estava
desértico e sem hostilidade, mesmo que aquele lugar fosse pacífico deveria
haver pessoas o protegendo.
— Está quieto
demais! — murmurou o elfo.
— É um lugar inexplorado e amedrontador, talvez não haja
necessidade em guardá-lo. Os elfos o abandonaram. — falou o velho druida.
Firmando o olhar, Vamcast se aproximou ao templo, o qual estava
voltado para o oriente isto quer dizer que os adoradores entravam pela parte
oriental. Entrando, pois, pelo lado oriental, os adoradores adentravam primeiro
no vestíbulo, que ocupava toda a largura do templo, isto é, cerca de nove
metros com uma profundidade de dez metros. Propriamente o Santuário tinha
cinquenta metros de comprimento, por vinte de largura, e treze de altura. Havia
quatro câmaras que serviam para armazenagem dos objetos sagrados, também,
talvez, de quartos de dormir para uso dos sacerdotes que estavam de serviço no
templo. Era a entrada nessas câmaras por uma porta, onde também havia uma
escada de caracol que ia ter aos compartimentos superiores. As janelas do
próprio templo, que deviam estar acima do telhado das câmaras, eram de grades,
não podendo ser abertas. Os objetos mais proeminentes no vestíbulo eram oito
grandes pilares. O vestíbulo terminava no lugar secreto por meio de portas de
dois batentes. Estas portas eram feitas de madeira, sendo os seus gonzos de
ouro, postos em umbrais de madeira de oliveira. Tinham a embelezá-las diversas
figuras esculpidas de elfos sagrados e de cabelos longos, e por cima botões de
flor e grinaldas. Dentro do santuário todos os móveis eram de ouro, sendo os
exteriores feitos de cobre. As paredes encobertas por pedras preciosas, e o
teto eram cobertos por lascas de ouro. Tudo isto devia luzir com grande brilho
à luz natural. A entrada estava vedada
por um véu de estofo azul, púrpura, carmesim e linho fino e bordado, neles se
viam figuras reais. Entre os castiçais estava o altar do incenso, feito de
madeira de cedro, e coberto de ouro e colocados à direita e à esquerda estavam oito
caixões e dentro múmias élficas, deixadas ali por ancestrais e xamãs
Vamcast não encontrara resistência, então, entrou sozinho.
Caminhou a frente e tocou o véu de linho, adentrou a porta principal. Caminhou
e no fim do vestíbulo avistou uma arca, sobre ela, do lado esquerdo e direito a
figura de dois reis elfos, eram estátuas e posicionadas como se selassem a
tampa, cada uma delas tinha a altura de quatro metros.
O elfo caminhou até a câmara que guardava a segunda pedra
espiritual, tocou um mecanismo fino como um cedro, houve um barulho e as
estátuas se moveram, abriu-se a arca. No interior um artefato que emitia um
forte brilho. Enfim, Vamcast se aproximara da tão desejada aquisição. Porém, ao
tentar pegá-la, foi surpreendido por alguém às suas costas. Um xamã guardião,
que se preparando para uma invocação de magia e encarando o elfo, gritou-lhe:
— Como ousa
profanar um local sagrado? Saia imediatamente daqui! Ou então irei matá-lo!
Retirando vagarosamente a sua mão do local, Vamcast sorriu
com ar de maldade, e virando-se para o homem, sacou a sua espada da bainha:
— Hum... Por acaso
pensa em me atacar pelas costas, guardião?
— Quem és tu, porque se veste como um homem de guerra? —
Estava confuso e encabulado.
— Sou o rei de Esteros! — Murmurou o elfo em tom de
superioridade.
— Um mestiço...! Se não sair deste lugar, imediatamente, terei
que matá-lo!
— Não sabe com que está falando, moribundo? Era você quem
deveria ter saído daqui, agora irá morrer porque não me tratou com o respeito
merecido.
O mago, sem dizer qualquer palavra, lançou ao solo um feitiço
escuro e translúcido, três serpentes como najas surgiram e rastejaram em
direção ao elfo.
— Elas possuem um veneno tão poderoso que; com uma gota
mataria dez homens, vá embora e não o ferirão.
Vamcast sorriu em ar de malícia:
— Possuo a fúria de dez gigantes, você e sua magia
medíocre serão enterradas nessa tumba.
Vamcast firmou seus calcanhares sobre o solo, forçou seus
músculos a frente e deixou que a espada riscasse o ouro do solo, com um salto e
usando três golpes decepou as cabeças das serpentes, continuou em direção ao
individuo até que golpeou seu abdômen, dilacerou seus músculos e as tripas e o
estomago caíram ao solo, o sangue jorrou e uma poça se formou ao redor do corpo
dilacerado. O indivíduo com um gemido enorme ajoelhou-se no chão, então,
rapidamente foi golpeado nas costas e caiu quase sem vida. Vamcast, não
satisfeito, atravessou a espada no corpo do homem que com outro grande gemido,
já vendo a morte em seus olhos, levantou a mão em direção à pedra das
invocações. Vamcast lançou a perna direita sobre as costas do xamã, elevou sua
espada aos ares e cravou a espada nas costelas do cadáver, em seguida o
esnobou:
— A morte lhe cai
muito bem moribundo! Aprecio esse silêncio...
Vendo que o seu oponente já havia sido abatido, o elfo
caminhou até a pedra celestial e, ao confiscá-la, levou-a para fora do lugar.
Do lado de fora os orcs o aguardavam, quando ele pisou
todos estavam curiosos e focados sobre ele.
— Mestre, conseguiu êxito? — Perguntou Destructor,
bajulador.
Vamcast elevou a mão direita a frente e ao abri-la, exibiu
a pedra, era pequena, vinte centímetros por ambos os lados. Tinha um brilho
amarelo – ouro, intenso, pequenas inscrições a rodeava, possuía formato
redondo.
— Invoque-a, mestre! — Murmurou o eracicto.
Com mais uma pedra nas mãos, o elfo pronunciou as
seguintes palavras:
— Da terra brotarás
e contigo a morte trarás!
Um vento forte soprou, barulhos de asas ecoaram aos
ouvidos de todos os presentes no lugar, era como milhares de morcegos, mas em
conjunto, em único som. Os matos e as árvores estremeceram e dos céus surgiu
uma criatura enorme, com asas que mediam dez metros como as de um dragão. As
garras afiadas como as de um grande tigre e patas ásperas, encobertas por
escamas douradas. As presas como as de uma serpente naja, oito pequenos chifres
sobre a cabeça, a corcunda era áspera até o rabo, liso e pontiagudo, na ponta
da cauda havia uma bola de espinhos; simulando uma maçã. Seus olhos eram avermelhados
e profundos, as narinas esburacadas e cabeludas nos interiores. Media vinte
metros de espessura e dez de altura. O monstro caminhou até o elfo, estava
enraivado e exibia dentes expostos, prontos para devorar qualquer inimigo que
ameaçasse seu dominador.
Vamcast, abrindo a palma da mão caminhou até a criatura.
Já em frente ao enorme monstro, parou... E baixando a
cabeça e indo em direção ao animal, foi encarado em um olhar profundo. Mas,
Vamcast sem medo algum tocou-lhe a testa. Desta vez não houve dificuldade
alguma em dominar um ser maligno, afinal o príncipe já tinha um poder enorme e
a sua aura já estava quase totalmente dominada pelo mal. Um anel caiu da boca
do animal, expelido da boca da criatura, então, Vamcast o colocou no outro
dedo. Essa era a segunda aliança do príncipe com o mal e o seu poder estava ainda
mais absoluto...