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Os livros de Esteros - Batalha a meia noite

Posted by Aldemir Alves



Hoje acordei 7:00 horas da manhã para escrever até as 9:00, não parei nem para o almoço! Fazia muito tempo que não me envolvia tanto em um livro. Os livros de Esteros está ficando bom demais e totalmente inédito! Quem leu o primeiro não pode deixar de ler este, vai ser uma experiência nova, com grandes batalhas e uma história irreconhecível! ( Obs: texto sem revisão)

Leiam uma nova batalha narrada por esse velho bardo aqui:

(Ps: eracicto é uma raça onde o personagem é parecido com um humano).

Batalha a meia noite


Numa noite escura, quando as estrelas não brilhavam nos céus, Destructor esperou que todos adormecessem. Caminhou apressadamente e subiu as escadas, entrou no quarto dos meninos sem fazer barulho. Parou próximo a Vamcast e baixinho, sussurrou:

— Vamcast... Está acordado...?!

— Hã? — O menino estava adormecido.

— Sou eu, Destructor...

— O que foi?

— Venha comigo, meus amigos aguardam por nos.

Vamcast acordou meio confuso, calçou as botas e vestiu uma camisa de malha e longas mangas. Caminhou até uma velha cômoda e retirou a espada, puxou um retalho de seda e amarrou os cabelos.

— Vamos! — Disse, após despertar.

Desceram as escadas em silêncio, foram pelos esgotos e muniram-se de uma pequena embarcação.  Desceram o riacho, logo na primeira margem havia dois cavalos selados, que na manhã anterior foram deixados ali por Destructor.
Quando montaram os cavalos, o garoto perguntou:

— Aonde vamos?

— Visitaremos os nossos amigos, os orcs. Essa noite participaremos de uma batalha e lutaremos ao lado de nossos amigos.

— Uma batalha de verdade? — Perguntou o garoto, interessado na aventura.

— Isso! Uma batalha contra inimigos de verdade!

Cruzaram pelos mesmos desfiladeiros e fizeram o mesmo caminho, mas no final, entretanto, entraram uma caverna estreita e iluminada timidamente por pequenos archotes. Caminharam cerca de duzentos metros e fizeram caminhos alternativos, seguindo pela direita e esquerda.  Ao longe, avistaram uma grande fogueira e um cerrado de árvores mistas, era um lugar envolto por escuridão, mas somente a luz da fogueira cedia-lhes pouca visibilidade.

— Está diferente... Disse Vamcast.

— Desta vez entramos em outra caverna... Orcs são profissionais em criar passagens secretas e portais para outras localidades.

A fogueira queimava em brasa ardente, havia ao redor oito orcs, um deles era o grande general de caninos avantajados. Trajava uma armadura forjada em ferro e brasa, no peitoral uma proteção que lhe definia os músculos até o abdômen, nas pernas proteções para cochas e panturrilhas, tinha também proteções nos ombros e punhos. O capacete de bárbaro era fechado na parte do crânio e com proteções no pescoço e orelhas, deixando apenas os olhos esbugalhados e a narina avantajada à mostra. As criaturas estavam armadas por lanças e escudos, todos vestidos para a guerra, e além de lanças carregavam espada nas bainhas.

— Demorou muito, eracicto! — falou o general.

— Precisei esperar que dormissem. — respondeu Destructor.

— Aproximem-se... — disse o orc.

Vamcast não estava se sentindo a vontade ali, era um menino malicioso e que via maldade em tudo, em todos, não importava o que Destructor dizia, para ele aquelas pessoas eram ruins e traiçoeiras: só o respeitaria se tivessem medo dele. A lei do mais forte não era apenas uma teoria para um príncipe acostumado a viver sobre narrativas de conquistas e glórias.

— Estamos preparados para segui-los em combate! — Falou o eracicto.

— Fique calado! — respondeu o orc.

Naquele momento um orc surgiu do interior de uma caverna, se aproximou ao general e cochichou algo em seus ouvidos.

O general usou um idioma confuso e em voz alta incitou as criaturas, que em berros levantaram suas lanças ao alto.

— O que está acontecendo? — perguntou Destructor e estava inquieto.

— Afaste-se! — bateu as mãos no peito do eracicto e o lançou para trás — Serei eu contra ele! — e apontou em direção a Vamcast.

— Não! Ele não lutará, ainda não está preparado... Viemos aqui invadir uma aldeia e saquear casas. Ele não lutará! Os anciões não permitiram isso.

— A ordem veio dos anciões, se ele não lutar, você lutará no lugar dele.

Destructor caminhou para trás e ficou ao lado de Vamcast. O general se aproximou e muniu-se de uma espada longa e enferrujada. A lâmina continha um corte grosso e sua ponta era quadrada e curva, simulando uma foice.

— Saque sua espada, ou morra desarmado!

Vamcast caminhou à frente e irritado, murmurou:

— Eu lutarei!

O orc se aproximou do garoto, sorriu com ar de malícia e disse-lhe:

— Me dê sua espada!

— Porque quer minha espada?

— Lute com uma arma de verdade, um guerreiro não luta com espeto.

Vamcast retirou a espada e entregou na mão da criatura. Era pequena e pouco afiada. A lâmina ficara pequena na mão do orc, então, ele forçou seus músculos contra uma árvore seca e de poucas folhagens, lançou a espada, que cravou no tronco.

O orc firmou seu punho a frente e deixou a lâmina próxima ao couro cabeludo do garoto.

— Medo da morte, eu suponho que não tem... Será um desperdício sacrificar tamanho talento, entretanto, só existe lugar para um único general nesse exército...

O orc forçou a espada e cortou a fita que prendia os cabelos de Vamcast, nesse momento, outra criatura lançou uma espada e um escudo próximo a ele.

— Vamcast se abaixou e apalpou o enorme escudo e a longa espada. Mal conseguia empunhá-la, e nem mesmo caminhar era uma tarefa fácil.

— Basta! — Destructor tomou a frente. — Eu mesmo lutarei.

— Velho imbecil, se morrer, ele também morrerá: eu mesmo o matarei.

Destructor caminhou até o garoto, baixou, e, em voz baixa comentou:

— Se eu cair... fuja... Corra e faça o mesmo caminho de volta. — se virou e forçou o calcanhar contra o solo, elevou o bastão a frente e se preparou para o combate.

Os orcs urravam e levantaram suas lanças ao alto. Vamcast lançou aquela lâmina ao solo e caminhou até a árvore, fez muita força e conseguiu retirar a sua pequena espada. Ficou ali, próximo as demais criaturas. Esteve pensativo, não estava amedrontado, tinha a maldade nos olhos. Fugir estava fora de questão; matar era a melhor saída e se morresse ali, morreria lutando.

A criatura elevou o escudo à frente e manteve-se em posição de defesa, lançou a espada na mão direita, deixou que tocasse o solo, timidamente. Caminhava em direções aleatórias, era um estrategista e pretendia confundir o inimigo, mas antes de iniciar o combate, declarou:

— Nunca gostei de tu, para mim é apenas um covarde e oportunista! Provarei aos mestres que sou digno de respeito e que posso comandar esse povo em combate... Ninguém tomará o meu posto!

De fato, Destructor estava intimado com as palavras da criatura. Seus olhos e sua postura denunciavam o seu pavor, ele contemplava os inimigos e a todo o momento parecia querer fugir, estava ali apenas como um moribundo sem opções, pois mesmo sendo um covarde sabia que se Vamcast morresse ali e se retornasse sem o filho de Mussafar, seu castigo seria ainda mais deplorável.

O orc estufou o peitoral e partiu em direção a Destructor, lançou um ataque rodado que resvalou seu ombro direto. Destructor desviou o bastante para que se safasse daquele ataque que poderia ter arrancado seu braço facilmente. O orc curvando o corpo, ao seu lado esquerdo, desferiu dois ataques retos e o eracicto elevou o bastão na altura de seu rosto, defendeu com as duas mãos e usou a arma como receptor de impacto.

Destructor aproveitou o momento e contra atacou, ferindo o joelho esquerdo do orc com a ponta do bastão, em seguida elevou o tronco a frente e golpeou o queixo do inimigo, o impactou lançou a criatura para trás e o capacete ao solo.

Naquele momento, Vamcast vibrou e moveu os olhos, como se tivesse participando do combate.

— Tu és uma cobra escorregadia! — o orc limpou o sangue que escorria do canto de sua boca.

Destructor continuou firme e de olhos focados no inimigo.

O orc soltou a lâmina ao solo e fez posição de combate.

— Não preciso de espada, o matarei com meus próprios punhos.

O general pisou quatro passou a frente, e parou próximo ao eracicto, elevou os punhos próximos ao queixo e fez posição de luta. Destructor segurou firme o bastão. O orc desferiu um soco reto com a mão direita, um cruzado com a esquerda. Destructor saltou para trás e voltou a mirar o queixo da criatura, entretanto, desta vez o orc telegrafou o ataque e apalpou o bastão, arrancou-lhe de suas mãos.

— Sem armas! — disse a criatura e lançou o bastão longe de si.

— Não há necessidade em batalharmos... Não somos inimigos!

— Um orc não tem aliados... Cada um desses homens é ameaça, matarei quem for preciso para manter o meu posto.

O general lançou o corpo a frente e golpeou Destructor, elevou seu punho direito pesadamente e acertou-lhe um soco na face, que quebrou-lhe o nariz. Aproveitando-se da situação, pois o eracicto estava tonto, a criatura apalpou a cabeça de Destructor com as duas mãos e usando uma cabeçada violenta, desferiu-lhe um impacto entre suas cabeças, algo como uma tijolada na face. Destructor ficou totalmente atordoado. Por último, o general agarrou-o pela garganta e baixou seu corpo, ficando curvo, com as duas mãos apertou-lhe a garganta. Estrangulava-o lentamente, enquanto olhou seus olhos e manteve um sorriso macabro na face.

— Não passa de um verme! É frouxo e desprezível, não merece o respeito dos mestres...

Naquele momento, Vamcast estava inquieto, seus olhos ficaram trêmulos e sua boca seca. Seu instinto ordenava para que tomasse uma decisão, não poderia fugir, não... Ele não fugiria...

Vamcast retirou sua pequena espada e correu... Correu o mais rápido que pode. Quando se aproximou a um metro, forçou seus calcanhares e ganhou impulso, dobrou os joelhos e lançou seu corpo aos ares, saltou sobre as costas do orc e ainda no alto, firmou as duas mãos no punho da espada, cravou-a sobre a espinha da criatura com muita força. O orc exalou um gruído agudo, libertou Destructor, mas antes que conseguisse raciocinar, Vamcast deslizou a lâmina lentamente de cima para baixo, rasgou um corte profundo e destroçou a espinha da criatura, o sangue jorrou e os ossos foram estilhaçados, teve as vértebras dilaceradas e a medula espinhal partida ao meio.

Quando Vamcast tocou o solo novamente, seu rosto estava encoberto por sangue, seus cabelos embaraçados e nas pontas os respingos deslizavam sobre todo o couro cabeludo, sua aparência de fúria expelia olhos rígidos e expressão facial tenebrosa. A carcaça do inimigo estava sobre seus pés, aberta em duas bandas, e encoberta por sangue e pele remoída.

Destructor continuava sentado e observou todo o ocorrido.

Os demais orcs se mantiveram estáticos, com seus olhos arregalados e confusos. Até que um deles gritou:

— Matem-nos!!!

As criaturas partiram para poder matá-los, Destructor estava muito ferido e levantando-se e caminhou, se escondeu sobre a guarda de Vamcast. Quando o elfo se preparou para lutar: olhos como chamas emergiam em meio ao escuro.  Eram centenas deles...

— Espere...! — disse uma voz rouca e abafada.

Todos pararam e uma figura se formou, caminhava lentamente em direção ao elfo.

— Matou nosso general... — Disse a criatura.

O menino franzino ficou mudo, não tinha nenhuma resposta e não sabia quem mais precisaria matar, entretanto, ele mataria quem fosse. Não haveria alternativa, não temia por sua vida.

— Na lei dos orcs... Quem mata um general em um combate territorial, tem a dádiva de reclamar seu posto. Torne-se nosso general, ou torne-se nosso inimigo... Só existem duas opções. — A criatura elevou a mão direita e fez sinal, mostrando-lhe um gesto e dois dedos abertos, como um V.

Destructor ficou surpreso, tudo era um teste, uma batalha por supremacia e sobrevivência do mais forte. Vamcast passara com louvor pelo teste e mostrou sua fúria e reação em combate. Ele matara o orc mais poderoso depois de Nalefis, enfim, Destructor provara que tinha razão quanto a sua escolha.

— Ele aceita Vamcast será o general. — Disse Destructor tomando a frente.

— Você não fala por ele... — inquiriu a criatura, apontando-lhe o dedo indicador sobre a face.

Vamcast ficou aéreo, pensativo... E agora? O que faria?

— Eu aceito... — disse ele e contemplou todo o lugar — Todavia, preciso retornar a minha casa, deverão aguardar o meu retorno...

— Darei dez dias, caso não retorne, seu posto será ofertado a outro e não mais terá uma segunda oportunidade...

Vamcast guardou a lâmina na bainha, caminhou até Destructor e ajudou que caminhasse. Não proferiu uma única palavra, já provara sua capacidade, agora deveria fazer uma escolha...

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